O que é progresso?
A palavra “progresso” carrega um peso simbólico enorme. É usada em discursos políticos, campanhas publicitárias e conversas cotidianas para descrever algo positivo, inevitável e desejável. Mas, quando olhamos mais de perto, percebemos que “progresso” não significa a mesma coisa para todo mundo. Pelo contrário: é um conceito disputado, que revela diferentes visões sobre desenvolvimento e prioridades.
Para alguns, progresso é sinônimo de crescimento econômico: novas indústrias, grandes obras, aumento do PIB, mais consumo. Nessa visão, o sucesso de uma cidade ou de um país se mede pelo ritmo de construção, pelo tamanho dos shoppings, pelo número de carros vendidos. Já para outros, progresso não se resume a indicadores econômicos — envolve qualidade de vida, preservação ambiental, acesso à cultura, igualdade social e bem-estar coletivo.
Essa diferença de perspectiva não é apenas teórica; ela define escolhas concretas. Quando um governo decide construir uma rodovia cortando áreas de floresta, está priorizando um tipo de progresso — baseado na infraestrutura e na economia — em detrimento de outro, que poderia valorizar a preservação e o equilíbrio ecológico. Da mesma forma, investir em transporte público de qualidade ou em energia limpa pode ser visto como progresso por quem pensa no longo prazo, mas como gasto desnecessário por quem busca resultados imediatos.
O problema é que, muitas vezes, o discurso do progresso é usado como justificativa para decisões que beneficiam poucos e prejudicam muitos. A expansão de um bairro pode gerar lucro para o mercado imobiliário, mas expulsar famílias inteiras que viviam ali há gerações. A construção de uma grande obra pode gerar empregos temporários, mas deixar um rastro de desigualdade e impactos ambientais.
Talvez o maior desafio seja construir uma visão de progresso que seja plural, que não exclua vozes e necessidades. Isso implica reconhecer que desenvolvimento econômico não é suficiente se não vier acompanhado de justiça social e sustentabilidade. Implica também aceitar que nem todo avanço tecnológico ou obra grandiosa significa melhoria real para a população.
Progresso, afinal, deveria ser medido pela capacidade de um povo viver com dignidade, segurança e liberdade, e não apenas pelo tamanho dos números na economia. É hora de perguntarmos, em cada decisão: progresso para quem? E a que custo?
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