O desafio de dar vida a um clipe musical

Há um bom tempo, as bandas alternativas de rock da Baixada Fluminense têm tentado trazer à tona seus trabalhos e dar relevância à cena que, hoje em dia, mesmo com as formas de produção e de distribuição estando mais democráticas, ainda conta com poucos espaços e eventos que apoiem esse gênero.

Mas nem tudo está perdido: muita gente boa se encontra na resistência, trabalhando e provando sua capacidade. Estou falando da banda T-Remotto, um coletivo que está há um bom tempo na estrada, mesclando uma sonoridade muito diversificada, com várias influências, tanto nacionais quanto estrangeiras.

Fundindo estilos como pop rock, hardcore, rap e sons alternativos, essa galera, além de vários covers de peso, ainda tem músicas próprias contundentes que tornam o coletivo muito mais interessante. Com mais de uma década de estrada, a banda, que já passou por várias formações, está atualmente com um trabalho novo chamado “EP Post Chaos”, que traz uma roupagem atual com um toque de saudosismo, mas que mantém a essência.

Outra novidade é que, depois de muito tempo, a banda tem um videoclipe para chamar de seu. A música escolhida foi “Heróis do Gueto”, que fala da resiliência das pessoas e artistas que, apesar de todas as dificuldades, estão na linha de frente, mantendo a periferia e os artistas independentes no protagonismo.

Estamos criando uma nova cultura de produção de obras audiovisuais que reforcem e valorizem a Baixada Fluminense

Com roteiro e direção desse que vos fala – Samuca Azevedo –, o trabalho remete a uma linguagem bem anos 90, com cortes rápidos e interação de imagens da banda performando, pessoas que são referência em seus trabalhos e a geografia iguaçuana, mesclando o caos urbano e as áreas ainda verdes da cidade de Nova Iguaçu.

Hoje foi publicada aqui uma reportagem de Dudu de Morro Agudo, onde você pode assistir ao videoclipe.

Tudo foi pensado de forma a contemplar as várias personalidades que fazem da luta pela cultura uma causa, além de fazer um aceno aos artistas que estão fora da cena midiática, mas lutam pela preservação da essência da arte.

Estamos criando uma nova cultura de produção de obras audiovisuais que reforcem e valorizem a Baixada Fluminense, suas forças criativas, seus artistas e nossos cenários — raríssimos casos em que nossa região não é retratada de forma totalmente equivocada e pejorativa.

Investindo em aparições mais rotineiras, a banda vem retomando, aos poucos, a agenda de shows e se preparando para alçar voos mais ousados, criar novas parcerias e começar a ensaiar presença em festivais e eventos.

Vale lembrar que a banda é muito eclética e dialoga com vários projetos, como o Marginal Groove, que inclusive já se apresentou no Rock in Rio 2019, acompanhando o rapper DMA.

Fica o recado para os novos grupos que estão desembarcando e que têm muito a contribuir de maneira efetiva com uma localidade que possui várias mentes criativas e com potencial altíssimo, mas que sempre foi negligenciada por quem deveria apoiar e fomentar. Ainda assim, essa galera resiste e mostra sua força.

Seu último trabalho é o EP Post Chaos, já disponível nas plataformas, que vem fazendo barulho na cena alternativa da cidade.