O Brasil nunca foi tão bem representado
No dia 27 de setembro de 2025 o mundo pôde conferir uma das mais bizarras cenas do esporte (se é que se pode chamar isso de esporte), que mais parecia um programa de auditório sensacionalista das décadas de 80/90, ou final de festa dos meus vizinhos, onde ninguém lembra quem começou a briga, mas todo mundo jura que tinha razão.
Vamos reconstituir os fatos:
Uma marca de cerveja “EsperTamente” começou a perceber que esse tipo de evento (porradeiro tresloucado sem objetivo) dá audiência e publicidade… (é só relembrar as lutas toscas entre subcelebridades decadentes e aspirantes a nova sensação da internet), um verdadeiro show de horrores que faria o Coringa ruborizar.
O negócio já começou errado: o adversário do Popó (Acelino de Freitas) seria outro (Vítor Belfort), mas na última hora o cara declinou da luta, alegando não estar bem fisicamente. O patrocinador, sabendo do potencial financeiro do evento, malandramente tirou uma carta da manga e convidou Wanderlei Silva (o Cachorro Louco).
Isso mesmo que você leu. Isso me pareceu uma baita jogada de marketing, porque logo após o anúncio a coisa incendiou. Parecia encontro de vira-latas de condomínio, cada um de um lado da grade, latindo, babando e rosnando para o outro. Entrevistas pouco inspiradas, ofensas gratuitas, mas dentro do esperado para quem quer ver o circo pegar fogo: um desfile de mediocridade e baixo intelecto exposto, tudo do jeito que o capiroto/mídia gostam.
Enfim, chegamos ao fatídico dia da luta. Tudo parecia ter sido roteirizado por alguém depois de cheirar três carreiras de pó e beber um galão de energético. Atmosfera tensa, senso de profissionalismo jogado no ralo, as equipes de apoio pareciam um vagão da Supervia às 06:00 da manhã. O país estava espelhado ali: tinha o atleta canastrão, o empresário sem escrúpulos, o mano/mina/mino que só queria tirar selfie com “famoso”, ex do ex do sub, candidato fazendo firula para 2026, o reaça, o aproveitador (e outras coisas que não posso mencionar aqui [risos]).
Só sei que um cabaré parecia um monastério perto daquilo. Então começa a bagaça: aquele jogo de (vai/não vou), uns jabs deslocados e totalmente fora do tempo, mas isso meio que já era esperado. Foi aí que, quando a coisa caminhava para decisão por pontos no último round, Popó impôs seu jogo e começou o porradeiro, até que Wanderlei, sem saber o que estava fazendo ali, começou a apelar, lançou três cabeçadas no oponente. Aí eu me perguntava: isso é sério?
Depois de alguns golpes que pareciam ter saído de um episódio do Chaves, o juiz deu a vitória para o Popó, após a desclassificação de Wanderlei.

Aí, meeu irmããão, o que se viu ali foi puro suco de Brasil: pessoas totalmente despreparadas (incluindo a organização/produção). Parece que abriram um túnel do tempo e invocaram os bailes de corredor dos anos 90. O “espírito esportivo” foi de arrasta e o modo GTA foi ativado com força.
Viram-se duas gangues claramente querendo o “quanto pior, melhor”.
Resultado: muita gente detonada, os dois lutadores machucados, o Cachorro Louco sem saber se lutava ou pedia carona, tomou um botadão do filho do Popó, que está até agora tentando entender o que aconteceu. Raríssimas vezes presenciamos cenas assim no âmbito esportivo, demonstrando que ainda hoje é urgente uma revisão das regras e implantação de limites para esse tipo de espetáculo grotesco. (Mas percebo nas entrelinhas que é justamente isso que os organizadores buscam: cliques, memes e o nome da marca martelando incessantemente nas redes).
Os exemplos estão aí… imagina um adolescente vendo seu ídolo nessa cena cartunesca?
Agora, os dois lados estão tentando justificar, cada um defendendo sua versão, só que ninguém assume sua parcela nesse caos!
Ficam dizendo que vão buscar na justiça uma reparação. (Tão de sacanagem, só pode).
O que ficou estampado na pós “luta” — ou melhor, pantomima desenfreada — é, em grande parte, uma extensão nossa.
No final das contas…
A mensagem foi passada…
Por mais que pareça engraçado e midiático…
Todos perdemos!
Mas, pelo andar da carruagem e pela repercussão que está havendo…
Vão marcar uma “revanche”… e “tudo voltará como dantes no país de Abrantes”.
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