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A ópera bufa e dantesca da extrema direita no Brasil

Samuca Azevedo - Click Fernanda Rocha

A ópera bufa e dantesca da extrema direita no Brasil

No último domingo, dia 07 de setembro de 2025 pude acompanhar a a delirante tentativa da extrema direita brasileira tentando retomar a pauta das narrativas no país, falhando miseravelmente.

Agora, as peças desse tabuleiro começam a se posicionar e a tirar as máscaras. (Aliás, muitos nem máscaras têm mais.) Com uma vergonhosa e insossa retomada das ocupações de ruas e espaços públicos, os extremistas e fanáticos tentam desesperadamente dar uma última cartada antes do julgamento do “excrementíssimo capetão”.

As peças do tabuleiro começam, enfim, a revelar-se. O que resta é uma caricatura de movimento político, sustentada por um exército de “Brancaleones maltrapilhos”, ansiosos por qualquer migalha de protagonismo. A tentativa de ocupar espaços públicos não passou de uma pantomima insossa, um último suspiro de quem já sabe que o fim se aproxima.

O setor evangélico fundamentalista, ou, para sermos mais claros, a ala dos “crentes doidos”, tenta insuflar desesperadamente uma narrativa moribunda em busca de respiro. Esses grupos ensaiam uma reação “populesca”, mas entregam apenas um espetáculo dantesco, no qual o fervor beira a histeria e a fé serve mais como biombo de interesses políticos do que como convicção espiritual.

O “delirante capitão”, à espera de julgamento, é a sombra que ronda essa ópera bufa. Seus seguidores, atolados em delírios conspiratórios, parecem cada vez mais atores de um teatro do absurdo: barulhentos, ridículos e incapazes de perceber que o público já se levanta para ir embora.

A tal “retomada” não passou de um eco rouco. O público? Cada vez mais reduzido, mais cansado e menos disposto a pagar ingresso para assistir ao mesmo espetáculo decadente. A encenação não tinha roteiro, não tinha direção e, muito menos, credibilidade. Um teatro do absurdo — só que sem Ionesco, apenas com memes reciclados do WhatsApp.

Os generais de sofá, os patriotas de camiseta falsificada e os “crentes doidos” tentaram transformar praça pública em púlpito, mas o que saiu foi um sermão mal pregado, misturando delírio conspiratório com promessa de salvação nacional. A fé virou figurino barato, e a devoção, mero pretexto para manter viva uma narrativa que já fede a naftalina.

No centro da cena, paira a figura fantasmagórica do “inelegível capitão”, um protagonista em declínio, aguardando julgamento, mas ainda sendo tratado como messias por um exército de “brancaleones” que confundem histeria com coragem.

E o gado? Bem, o gado muge.

Mas mugiu baixo, cansado, porque até eles já sentem a vergonha alheia de idolatrar um líder em decomposição. A cena é deplorável: gente que jurava lutar contra a corrupção lambendo as botas de um condenado; gente que dizia defender a família servindo de massa de manobra para uma seita política decadente.

A ópera continua, mas agora o público ri, e ri deles.

Os bolsomínions podem tentar posar de patriotas, mas não passam de palhaços involuntários de um circo a que ninguém mais quer assistir. O pavio está aceso, e a explosão que virá não é a da “revolução” sonhada, e sim a implosão definitiva de um movimento que já nasceu ridículo e agora só sobrevive como piada.

Os bolsomínions, fiéis como moscas em volta das fezes, foram lá mugir suas bravatas.

Um espetáculo vergonhoso: fanáticos rezando por golpe, senhores de meia idade agarrados a teorias conspiratórias, senhoras com a cirurgia plástica vencida, histéricas com bandeiras usadas como mortalha da razão. Um show de horrores digno do inferno de Dante, só que sem poesia.

Patriotas? Não.

Apenas gado amestrado, que troca pensamento crítico por adesivo no carro, e cidadania por idolatria a um político decadente. São marionetes que acreditam que gritar “mito” em praça pública os transforma em heróis, quando na verdade só os transforma em piada nacional.

O Brasil assiste e ri. Ri do ridículo, ri da decadência, ri do desespero de quem já perdeu tudo: a narrativa, o poder e até a vergonha. A ópera bufa continua, mas agora só resta o constrangimento: uma massa bovina aplaudindo o nada, defendendo o indefensável e acreditando que um cadáver político vai ressuscitar.

O “já finado capetão” apodreceu. Ele não é mito, é meme. E vocês, que gritam o nome dele como mantras de seita, não são guerreiros da pátria — são palhaços voluntários de um circo falido, gado em fila indiana rumo ao matadouro da história.

Chorem, sim, chorem de raiva, de vergonha e de frustração. Porque o país que vocês sonharam nunca existirá: o Brasil não será teocracia, não será quartel, não será curral. O Brasil é maior que o mito podre de vocês, maior que as fake news que vocês repetem, maior que o fanatismo que vocês carregam no peito vazio.

O mito de vocês não é mito. É cadáver.

E o gado que ainda insiste em segui-lo não representa o povo; é manada e obediente, mugindo desesperados. Esses mesmos “cristãos” que carregam a bandeira de Israel, não sabem que eles não acreditam no chamado Jesus. (Sarcástico, não?)

Vocês serão lembrados, sim. Mas não como heróis.

Seus ídolos, são analfabetos funcionais, que lambem as botas dos EUA, e que agora, ironicamente, clamam por anistia.

Serão lembrados como: a seita mais ridícula, barulhenta e inútil que o Brasil já produziu.

O riso que ecoa nas ruas não é com vocês. É de vocês.

O mito acabou?

Talvez…

Eu acredito que só está em decomposição.

Mas…

Vem muito mais por aí!

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Samuca Azevedo é ator, diretor e produtor cultural de Nova Iguaçu. Integrou a primeira formação da Cia Encena de Teatro nos anos 1990 e foi um dos pioneiros do projeto Teatro em Sala. No Movimento Enraizados, estruturou a biblioteca e o telecentro, coordenou projetos como o Pontão de Cultura Preto Ghóez e o Projovem Adolescente, além de organizar oficinas, debates e eventos. Hoje, como presidente do Instituto Enraizados, articula ações culturais, educativas e comunitárias na Baixada Fluminense.

2 comments

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Dudu de Morro Agudo

Fico me perguntando o que esse povo pensa da vida. Não é possível que esse bando de gente seja tão ignorante assim.

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Aclor

MUITO BRABO!

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